domingo, 14 de novembro de 2010

Redoma

(1998)


Na curiosidade de viver o novo, continuávamos o nosso caminho, 
entre cansaços prazerosos e compensadores. 
as coisas mais extasiantes oferecidas aos olhos, ouvidos, ao nosso frágil e vulnerável corpo.

Uma regressada há, pelos menos, vinte anos de vida morna que enchia-se de vida real....
nos despimos de vergonhas e medos, não importava valores, regras, muito menos a sensatez dos pensamentos que por raras vezes chegavam até nós....
A partir dali, o acordo selado. veio a promessa, ainda que discreta, do estardalhaço que faria na mente e no coração.

A música como de costume, cúmplice de todas as verdadeiras intenções, veio inundar o ambiente e tomou conta do lugar, merecidamente.
O som que penetrava em nós, nos embriagava de magia e significados. 
Juntos embalávamos os nossos corpos. 
a oportunidade de extravasar a alma através dessa carne com que nos vestimos é  livre de qualquer sinal de perigo. A partir daí, a vontade de dividir sensações, inovar as formas e renovar o espírito tornava-se imperativa, em estado de puro equilíbrio.

Havia um misto de sensações e sentimentos que se confundiam. 
Como se a boca inalasse todos os aromas ali exalados, enquanto aos ouvidos eram reveladas imagens que somente eles podiam registrar, os olhos degustavam com apetite voraz tudo o que chegava e com o olfato acariciava a pele e o toque não poderia deixar de ser um ato sublime.

Entre a dúvida do que viria e a certeza de continuar a ser o que já era, apostamos tudo no risco. 
E saímos com a certeza de ter provado com todos os sentidos e ter se lambuzado de muita vida, até não poder mais.