Não é só saudade…
sonhei que você chovia em mim,
acordei de calor, com cheiro de mato,
de terra molhada,
banho, cachoeira, perfume, alfazema,
nada adiantou.
ainda em brasa, a poesia brotou,
dos poros, dos livros, das folhas em
branco,
atropelada, as palavras pulavam em bando,
quase se matavam e num golpe oriental,
lavaram sua honra, feito harakiri.
a memória em alvoroço
fez lembrar com vontade, de tudo o que
vale.
da cantiga da feira,
do passeio a tarde,
das estórias sem fim,
de aprender com o silêncio, de amanhecer
devagar,
do desfrute na manhã
a natureza se abrir.
Não é só saudade…
é ainda a vontade
de ouvir os lampejos,
expandir os sentidos
e viajar novamente.
É amar de verdade.
Essa sim, uma saudade desavisada.
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